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Manifestação de Protesto - Relativa à reportagem da TVI “Estrada Real: Chaves, terra de recordes e (des)encantos”

14 Setembro 2017
Comunicação dirigida à TVI, com conhecimento à ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social

Manifestação de Protesto
Relativa à reportagem da TVI “Estrada Real: Chaves, terra de recordes e (des)encantos”

 

Exmo. Senhor,

Diretor de Informação da TVI, Dr. Sérgio Figueiredo

Na sequência da reportagem emitida no passado dia 4 de setembro, no Jornal da Noite da TVI, e partilhada no site da estação televisiva, com o título “Estrada Real: Chaves, terra de recordes e (des)encantos”, e em nome da população do concelho de Chaves, venho desta forma manifestar total incompreensão e descontentamento pelo teor depreciativo de tal peça jornalística.

Além da clara falta de imparcialidade por parte do jornalista, pois constantemente coloca questões e faz gestos para obter determinada resposta, mostrando-se tendencioso, são vários os assuntos abordados com muita pouca veracidade. Situações banalizadas e associações forçadas que induzem em erro.

A Eurocidade Chaves-Verín é muito mais do que um “projeto no papel”. Chaves e Verín partilham equipamentos públicos, uma agenda cultural comum, variadas iniciativas e ações. Fruto desta promoção conjunta do destino turístico, onde os postos de turismo dos dois municípios trabalham em rede, verifica-se o incremento do número de turistas. Chaves é o município do interior Norte do país com mais camas vendidas nas unidades hoteleiras.

O projeto de cooperação transfronteiriça Eurocidade Chaves-Verín foi galardoado como o melhor projeto da União Europeia nos prémios RegioStars 2015, na categoria CityStars. Uma iniciativa organizada pela Comissão Europeia que, desde 2008, tem vindo a distinguir os projetos mais inovadores e inspiradores da Europa, financiados por fundos da política de coesão da UE.

Também os canos municipais não estão enferrujados, muito menos os canos do novo Balneário Pedagógico de Vidago, cujas canalizações são todas em tubagem em aço inoxidável de qualidade alimentar, com tecnologia de ponta de referência a nível mundial.

Quanto aos “Pastéis de Chaves certificados, uma solução oficial e comercial para atrair turistas”, como refere a referida reportagem, os mesmos são certificados sim, mas porque possuem especificidades que os diferenciam de quaisquer outros do mesmo género, e que dependem essencialmente do saber fazer das gentes flavienses, facto reconhecido pela EU através do selo de Identificação Geográfica Protegida. Foi sim uma “solução oficial” na defesa contra imitações e utilizações abusivas, de um património que é propriedade de todos os flavienses, e que agora é obrigatoriamente produzido por indústrias que se fixam exclusivamente neste concelho. Atualmente, existem sete indústrias certificadas para a produção de Pastel de Chaves, que, segundo dados oficiais de 2016, certificaram mais de 2 milhões de unidades de Pastel de Chaves e empregam mais de 115 trabalhadores, encontrando-se já em processo de certificação outras duas indústrias que, brevemente, colocarão também no mercado local, nacional e internacional, esta iguaria. Em suma, a sua importância económica obrigou-nos a ser responsáveis no sentido da preservação da receita e dos métodos tradicionais de modo a evitar usurpações da designação Pastel de Chaves.

Destaque-se igualmente a falta de respeito para com as pessoas que trabalham no campo, as quais orgulham muito a identidade na nossa região.

É verdade que Chaves, tal como muitos outros municípios de todo o país, e não sendo caso único como o jornalista parece querer parecer, tem sido afetada por um gradual despovoamento, pela ausência de políticas de coesão territorial por parte do poder central. É verdade que Chaves está desprovida de ensino superior e outros serviços públicos, fruto das políticas dos sucessivos Governos.

Mas também é verdade que Chaves muito tem feito para combater o desemprego e criar postos de trabalho. Refira-se, a título de exemplo, o investimento avultado no Parque Empresarial que tem sido um forte atrativo para as empresas, nomeadamente indústrias espanholas.

Não menos grave do que tudo já enunciado, é o desfecho da peça, quando o Sr. Victor Moura Pinto refere que “a Europa do Séc. XXI demora a chegar a Chaves e muita pastelice pode não ser a receita”. Pois bem: nem a palavra pastelice existe, Sr. Diretor, nem a mesma associada à Europa justifica tal chegada tardia a Chaves!

Saiba, Sr. Diretor, que Chaves não é só a Ponte milenar de Trajano. Chaves tem um Casino de excelente qualidade; tem o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, projeto do arquiteto Siza Vieira, que o Sr. Presidente da República classificou de nível mundial; tem dois campos de golfe; tem excelentes balneários termais, tendo o das Termas de Chaves recebido recentemente o Prémio de melhor destino termal europeu de inovação; tem o melhor parque hoteleiro do interior do país, onde se inclui o Vidago Palace Hotel com inúmeros prémios internacionais; tem um vasto património cultural. Enfim, Chaves tem um passado e um presente que nos enchem de orgulho. Chaves tem a maior dinâmica económica do distrito de Vila Real (dados da Pordata de 2016), como comprovam os 28 milhões de euros em exportações, dinâmica que não resultará somente das atividades abordadas na reportagem.

Em suma, em todo o seu conteúdo, pode constatar-se que a referida reportagem teve somente um único objetivo: denegrir a cidade e o concelho de Chaves, classificando-o com um atraso de 50 anos! Uma malvadez minuciosamente preparada, ora não fosse, como se pode ver na peça, a bonita furgoneta de cor amarela, um clássico muito bem estimado e envernizado, que saiu da sua garagem para aparecer na peça jornalística, de forma a mostrar esse mesmo atraso.

Uma reportagem de muito mau gosto, que não acrescenta nada! Nem Chaves, nem o País ganham com a emissão de reportagens do género.

António Cabeleira
Presidente da Câmara Municipal de Chaves